fadiga adrenal, veja o caso da minha paciente
- Tâmara Rolim
- 29 de out. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2024
Retomei meus atendimentos na semana passada. A cada paciente que marco, vem uma surpresa e um desafio para avaliar todos os pontos importantes que precisamos ajudá-lo a melhorar. Uma dos pessoas que recebi tinha um quadro de extremo cansaço e insônia e disse procurar pela consulta pois queria recuperar o vigor. Aí você se pergunta, como pode uma pessoa estar com tanto cansaço e não conseguir dormir? Poi é disso que vamos falar no post de hoje.

Não vou entrar em detalhes sobre a vida da paciente, mas para contextualizar preciso dizer que ela tem cerca de 50 anos e está na menopausa. O que já nos diz muito sobre seu quadro de insônia e fadiga. Mas o que vamos descobrir com seus exames é que o problema está além da menopausa. Todos os pontos que ela descreveu formavam um clássico quadro de fadiga adrenal, mas eu queria ter certeza de que estávamos no caminho certo. Os exames mais recentes apontavam níveis de cortisol muito baixos. Seu DHEA, outro hormônio adrenal, também era baixo, assim como seu T3 livre, os níveis de B12, vitamina D, zinco, magnésio e selênio não estavam satisfatórios. Todos esses pontos combinados, mostram um estágio mais avançado de fadiga adrenal e precisamos seguir alguns passos importantes para a melhora desse quadro. Mas, antes de qualquer coisa, ela fez a escolha correta de procurar um Nutricionista, um médico Ortomolecular e uma Ginecologista para cuidar do seu quadro. Uma equipe multidisciplinar pode atuar em várias frentes e ajudar a resolver o quadro mais rapidamente.
Para que você entenda melhor, fadiga adrenal é um fenômeno caracterizado por uma interrupção na capacidade das glândulas supra-renais de produzir cortisol nas quantidades certas e nos momentos certos em resposta ao estresse. As supra-renais são a potência hormonal do corpo. Duas pequenas glândulas que ficam em cima dos rins, são o ponto principal de uma cadeia de respostas que coordena quase todos os hormônios do seu corpo.

Existem três estágios de fadiga adrenal. Cada um deles está associado a um tipo diferente de desequilíbrio de cortisol, e normalmente as pessoas progridem do estágio 1 para o estágio 3 sequencialmente ao longo do tempo.
Estágio 1 - Cansado, mas Agitado
Características:
Altos níveis de cortisol: Principalmente à noite, causando dificuldades para dormir e insônia.
Sintomas: Pessoas sentem-se energizadas, mas ansiosas e nervosas. Esse estado de hiperatividade pode ser acompanhado por uma sensação constante de alerta.
Efeitos no corpo:
Resistência à insulina: Níveis elevados de cortisol podem interferir na ação da insulina, levando a níveis elevados de glicose no sangue e possível ganho de peso abdominal.
Ganho de peso abdominal: O cortisol alto está associado ao acúmulo de gordura na região abdominal.
No início da resposta ao estresse, as glândulas adrenais produzem níveis elevados de cortisol para ajudar o corpo a lidar com o estressor. Esse aumento de cortisol pode proporcionar uma sensação de energia, mas também pode levar a ansiedade e nervosismo. A elevação do cortisol à noite interfere nos padrões de sono, resultando em insônia.
Estágio 2 - Estressado e Cansado
Características:
Acordar cedo: Muitas pessoas acordam por volta das 3 ou 4 da manhã e têm dificuldade para voltar a dormir.
Ciclo de energia: Sentem-se mais acordadas e alertas após algum estressor, mas essa sensação é temporária.
Sintomas ao longo do dia: Cansadas durante o dia, mantendo o padrão de insônia à noite.
Efeitos no corpo:
Desequilíbrio hormonal: Os níveis de cortisol podem começar a flutuar, não sendo mais apenas elevados.
Cansaço diurno: A energia ao longo do dia é inconsistente, muitas vezes com um pico de energia após um evento estressante, seguido de fadiga.
No estágio 2, o corpo continua a enfrentar estressores crônicos, mas as reservas de energia começam a diminuir. O ciclo de acordar cedo pode ser uma resposta do sistema nervoso simpático, ainda ativado pelo estresse. A dificuldade em manter níveis consistentes de cortisol resulta em um padrão de energia instável, levando à exaustão diurna.
Estágio 3 - Burnout
Características:
Exaustão constante: Independente das horas de sono, a sensação de cansaço persiste.
Níveis de cortisol: Podem se tornar constantemente baixos ou apresentar um padrão achatado durante o dia, sem os picos normais de manhã.
Hormônios: Possíveis níveis baixos de DHEA (dehidroepiandrosterona) e hormônios da tireoide.
Efeitos no corpo:
Exaustão física e mental: Incapacidade de realizar atividades diárias com vigor.
Baixa imunidade: A função imunológica pode ser comprometida devido aos baixos níveis de cortisol e outros hormônios.
Desequilíbrio hormonal: A produção de outros hormônios, como os da tireoide, também pode ser afetada.
No estágio 3, as glândulas adrenais estão exaustas pela produção crônica de cortisol e outros hormônios do estresse. O corpo não consegue mais responder adequadamente aos estressores, resultando em um estado de burnout. Níveis constantemente baixos de cortisol e DHEA indicam que as glândulas adrenais estão esgotadas, e a função imunológica e metabólica do corpo está comprometida.

Esse colapso hormonal é reversível e você pode tomar algumas medidas para começar a melhorar. Mas lembre-se de procurar um bom profissional da saúde para lhe dar um suporte e lhe pedir os exames corretos para o melhor diagnóstico. Veja o que você pode fazer:
1. Diminua alimentos inflamatórios como leites e derivados, carne vermelha, farinhas refinadas. Opte por comer muitos vegetais de cores vivas, proteínas magras, castanhas e grãos integrais. Mantenha o consumo de carboidratos de boa qualidade como frutas, verduras, tubérculos e cereais. Uma dieta rigorosa sem carboidratos pode estressar o corpo, piorando o esgotamento adrenal. Tenha em sua dieta alimentos fonte de substâncias anti-inflamatórias como ácidos graxos ômega-3, curcumina e suplementos de vitamina C, a fim de diminuir os níveis de inflamação sistêmica, permitindo a recuperação das supra-renais.
2. Durma cedo. Deite-se antes das 22h, pois muitas pessoas recebem uma segunda onda de cortisol após as 23h, o que interrompe os padrões de sono.
3. Procure alimentos fonte de vitaminas B (B5 e B6 em particular) são alimentos para as supra-renais e podem estar em níveis baixos em uma dieta rica em gorduras e com poucos carboidratos. B12 e folato também ajudam na produção de energia.
4. Dê suporte a sua tireoide com alimentos ricos em Vitamina D, selênio, magnésio e zinco. São nutrientes fundamentais para o bom funcionamento da glândula, auxiliando também na função adrenal.
5. Pare de beber álcool. É hora de dizer adeus ao vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas por um tempo. O álcool dificulta o trabalho das glândulas supra-renais, além de aumentar o açúcar no sangue, causando inflamação. Essa inflamação exerce pressão adicional sobre as supra-renais, mantendo o quadro de fadiga.
6. Hidrate-se. A desidratação também é uma característica da fadiga adrenal.

Além de todos esses fatores, outro ponto importante num quadro como o da minha paciente, é não começar uma terapia de reposição hormonal antes de recuperar-se da fadiga adrenal. Isso por que é preciso voltar o bom funcionamento da adrenal e aprender a viver de maneira mais equilibrada para então começar a bombardear o corpo com outros hormônios. Ademais, após a introdução de uma dieta adequada onde se possa normalizar os níveis de hormônio do estresse, os sintomas de fadiga, irritabilidade, insônia, falta de motivação não estarão mais presentes na vida do paciente. E vale lembrar que a fadiga adrenal pode acontecer tanto em homens quanto em mulheres. Portanto, procure um profissional e investigue os motivos dos seus sintomas.
Para outras orientações nutricionais e elaboração de um plano alimentar individualizado de acordo com as suas necessidades, marque a sua consulta: 61 9 98220051 ou contato@nutrichefbrasilia.com.br
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